Laranja Mecânica


Autor: Anthony Burgess | Editora: Aleph | Páginas: 352 | Tradução: Fábio Fernandes | Gênero: Distopia/Clássico | Avaliação: 5/5



Desde que resolvi voltar a ler os clássicos com mais frequência tenho me dedicado a livros que tem me marcado de alguma forma e me feito refletir bastante, mesmo depois de muito tempo após a conclusão da leitura. Com certeza isso é um dos pontos positivos quando começamos a nos desafiar na leitura dos clássicos; eles nos provocam questionamentos e aguçam com mais intensidade nosso senso crítico.

Cada um dos clássicos que li até agora me deixaram alguma mensagem para reflexão ou até mesmo me deixaram aquela sensação de inquietação, e acredito que é realmente essa a reação que livros do tipo provocam nos leitores, por isso se tornam clássicos tão aclamados. Laranja Mecânica traz uma forte crítica social e como eu já esperava não foi uma leitura tão rápida de ser absorvida. 

O livro nara a história de um jovem de 15 anos chamado Alex que juntamente com seus amigos formam um grupo de delinquentes que aterrorizam a cidade roubando, estuprando e até assassinando as pessoas, ou seja, Alex e seus companheiros praticam o que chamam de ultraviolência. Em uma das noites mais violentas, Alex acaba sendo traído por seus amigos e é capturado pela polícia. 

Assim, Alex acaba caindo nas mãos do sistema e a partir daí é que o protagonista nos leva a um debate intenso sobre o contexto abordado. Para fugir da condenação e sentença pelos seus crimes Alex acaba aceitando participar de um novo experimento do Estado que promete "curar" suas tendências criminosas através da Técnica Ludovico. 

Tal experimento consiste em injetar no individuo uma substância que associada a sessões de imagens violentas provocam náuseas e extremo mal estar no criminoso; em questão de dias do tratamento Alex não é capaz de presenciar, imaginar ou praticar qualquer tipo de violência sem se sentir terrivelmente doente.



Publicado originalmente na Europa em 1962 e no Brasil em 1971, Laranja Mecânica lança um debate ainda bastante atual em plena sociedade do século XXI, a violência dos grupos jovens e até que ponto o Estado pode intervir para eliminar a criminalidade, além de levantar várias outras questões relacionadas a essa mazela social que é a violência. 

O livro é dividido em três partes que apresentam ao leitor cada fase da história de Alex; a primeira parte nos apresenta o personagem em sua forma natural e selvagem mostrando tudo o que ele é capaz de fazer juntamente com sua gangue. Na segunda parte já vemos Alex sob o poder do Estado e acompanhamos seu tratamento com a técnica Ludovico, e finalmente na terceira parte temos o delinquente reformado e devolvido a sociedade já "curado". 

Em relação a narrativa e sua fluidez preciso ressaltar que esse foi um dos livros que mais demorei a ler, minha leitura foi extremamente dificultada unicamente pelo tipo de vocabulário utilizado pelo protagonista. A linguagem usada se chama nadsat, e é uma gíria criada pelo autor com uma mistura de palavras do russo e do inglês; mesmo que a edição traga um vocabulário para consulta eu tive muita dificuldade para me familiarizar com as palavas inseridas no texto, o que tornou minha leitura bastante penosa considerando que Alex é quem conduz a narrativa. 

Fora a estranheza da linguagem, a trama é muito envolvente e provoca o leitor do começo ao fim, a crítica presente na obra é tão bem explorada que você se vê debatendo e questionando várias situações abordadas no texto.

Se você pretende ler Laranja Mecânica indico muito que escolhe essa edição que é a especial de 50 anos lançada pela Editora Aleph. O trabalho gráfico é impressionante, o livro conta com capa dura e jacket, ilustrações e um material extra espetacular que complementa sua leitura. A diagramação é bem confortável.




Apesar da minha dificuldade com o texto, Laranja Mecânica é uma leitura envolvente e perturbadora por trazer um debate ainda em pauta em nossa atualidade, além de levantar questões tão polêmicas que provocam inquietação nos leitores. 

Anthony Burgess impressiona o leitor com a originalidade de sua obra e por fim nos faz questionar se realmente vale à pena viver em uma sociedade onde as pessoas não são livres para fazer suas próprias escolhas, sejam elas boas ou más. Leitura indispensável!


Um comentário:

  1. Amiga acredito que essa tenha sido a primeira resenha que li desse livro e com certeza achei o enredo interessante e como você mesmo destacou bem atual, devido o caos violento que estamos vivendo. Fiquei curiosa para saber como o protagonista fica após o tratamento, se tiver funcionado penso que valeu a pena.

    Mas enfim essa questão da narrativa me incomodaria também, esse é o problema de alguns clássicos.
    Sobre a edição concordo com vc, está um capricho. Enfim foi ótimo conhecer um pouco mais desse clássico através de sua opinião querida. Beijos

    Leituras, vida e paixões!!!

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